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Conforme o Diabetes Prevention Program, um dos maiores estudos sobre este tema, houve uma redução de 58% no risco de diabetes tipo 2 nos pacientes que realizaram mudanças no seu estilo de vida em relação a uma redução de 30% no grupo de pacientes que recebeu metformina, uma medicação utilizada para controle da glicemia, durante aproximadamente 3 anos de acompanhamento.

As intervenções no estilo de vida tinham como objetivo:
- redução de 7% do peso inicial
- manter pelo menos 150 minutos de atividade física moderada

Quando cada meta foi avaliada individualmente, a perda de peso foi o principal preditor de redução na incidência de diabetes: para cada 1 kg de perda de peso, houve uma redução de 16% no risco de diabetes, conforme ilustrado na figura acima!

Dentre aqueles que conseguiram obter uma perda de peso superior a 7% combinada à meta de exercícios, a redução do risco foi superior a 90%!

Estes resultados reforçam o conceito de que não é necessário atingir um “determinado IMC ou peso ideal” para se obter benefícios em termos de saúde em geral. Neste estudo, indivíduos que conseguiram manter uma perda de 5 kg durante os 3 anos de acompanhamento apresentaram uma redução do risco de progressão para diabetes de 55%!

Já a prática regular de uma atividade física, além de contribuir para a manutenção de um menor peso no longo prazo, reduz o risco de diabetes independentemente da perda de peso!! 

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Sexta, 28 Junho 2019 07:33

Cafeína para perda de peso: funciona?

A busca por recursos para auxiliar na perda de peso tem crescido em paralelo à epidemia de obesidade. Muitos suplementos ditos “naturais” são vendidos com a promessa de acelerar o metabolismo e auxiliar na queima de gordura, sendo chamados de termogênicos.

 

Dos suplementos vendidos para perda de peso, a cafeína é o item mais frequentemente encontrado, sendo vendida como cápsula ou à granel. A cafeína está presente naturalmente em grãos de café e no chá verde (principais fontes), sendo considerada a bebida estimulante mais consumida no mundo.

 

Em relação a seus potenciais efeitos especificamente sobre a perda de peso, a cafeína atua, por diferentes mecanismos, sobre a ingestão alimentar e o gasto calórico.

 

Através da inibição das fosfodiasterases, a cafeína ocasiona um aumento dos níveis de catecolaminas que induzirão lipólise (queima de gordura) no tecido adiposo, aumentando, portanto, a oxidação de gordura.

 

Alguns estudos também demonstraram aumento da taxa metabólica de repouso, principal componente do gasto calórico, após o consumo de doses moderadas de cafeína.

 

Ainda a cafeína pode suprimir a fome e aumentar a saciedade por estimular o sistema nervoso simpático (SNS).

 

Mas qual o real impacto destas ações sobre a perda de peso?

O aumento do gasto calórico descrito com a cafeína é discreto, tendo relevância clínica questionável para indução significativa de perda de peso. Além disso, este efeito sobre o metabolismo foi verificado, na grande maioria dos estudos, em associação a outros compostos estimulantes do SNS, como a efedrina, não se podendo separar o efeito de um e de outro.

 

Quanto à supressão do apetite / aumento da saciedade, os estudos são ainda mais controversos, não demonstrando até o momento benefícios contundentes sobre a redução da ingestão alimentar.

 

A falta de consistência entre os estudos em demonstrar algum benefício com a suplementação de cafeína pode estar relacionada à influência dos fatores genéticos, idade, sexo, IMC e outros fatores que podem causar confusão na interpretação dos resultados.

 

Além disso, com o uso frequente, o indivíduo pode desenvolver tolerância levando ao consumo de doses cada vez maiores, podendo aumentar o risco de efeitos adversos, tais como elevação da pressão arterial, agitação psicomotora, insônia, dentre outros. Ainda, alguns indivíduos são mais sensíveis aos efeitos da cafeína, mesmo com o consumo de doses baixas, estando mais suscetíveis aos seus efeitos indesejáveis.

 

Também é importante ressaltar que muito frequentemente estes suplementos “naturais” são vendidos como blends (misturas) de vários componentes, muitos não sendo declarados no rótulo e com potencial adicional de risco, como estimulantes do sistema nervoso central, diuréticos, hormônios da tireoide, etc.

 

Portanto, a prescrição de cafeína como recurso isolado para perda de peso carece de evidência para tratamento da obesidade!

 

 

Referências

1. Obesity and thermogenesis related to the consumption of caffeine, ephedrine, capsaicin, and green tea. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2007 Jan;292(1):R77-85.

2. The effect of caffeine, green tea and tyrosine on thermogenesis and energy intake. Eur J Clin Nutr. 2009 Jan;63(1):57-64.

3. The effect of caffeine on energy balance. J Basic Clin Physiol Pharmacol 2017; 28(1): 1–10

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Desde meados da década de 90, tem-se postulado que o diabetes tipo 2, doença até então considerada crônica e de curso progressivo, poderia ser revertida após a cirurgia bariátrica, hipótese levantada pelo cirurgião americano, Dr. Walter Pories, em seu artigo intitulado: “Who would have though it? An operation proves to be the most effective therapy for adult-onset diabetes mellitus” que mostrou melhora glicêmica significativa ou remissão da doença em 83% dos pacientes submetidos ao procedimento.

 

Define-se remissão do diabetes como a obtenção de níveis glicêmicos que não preenchem critérios para diabetes, na ausência de terapia farmacológica e com duração superior a 1 ano. Ainda, a remissão pode ser parcial, quando os níveis de hemoglobina glicada* (A1c) são inferiores a 6,5% e a glicemia de jejum entre 100 a 125 mg/dl e completa quando ocorre restauração à normoglicemia (A1c inferior a 5,7% e glicemia de jejum abaixo de 100 mg/dl).

 

Conforme metanálise publicada em 2009, com inclusão de 621 estudos e aproximadamente 5000 pacientes com diabetes tipo 2, 80% dos pacientes obtiveram remissão completa da doença após a realização do bypass gástrico, tipo de cirurgia bariátrica mais comumente realizado. 

 

Mais recentemente, no trial Diabetes Remission Clinical Trial (DiRECT), estudo desenvolvido para avaliar o efeito da perda de peso sobre as taxas de remissão do diabetes em indivíduos com menos de 6 anos de doença, dos 149 pacientes que receberam uma dieta hipocalórica, 46% alcançaram remissão em 1 ano, chegando a 86% entre aqueles com perda de peso igual ou superior a 15 kg!

 

Em março deste ano, foram publicados os resultados do seguimento deste estudo sobre o efeito da perda e manutenção do peso e a durabilidade da remissão do diabetes. Aproximadamente um terço dos pacientes mantiveram-se em remissão ao final de 2 anos e, dentre aqueles com perda igual ou superior a 15 kg, a taxa foi de 70%. Os resultados do DiRECT demonstram que o diabetes tipo 2 é uma doença potencialmente reversível e que a chance de remissão aumenta proporcionalmente à perda de peso obtida. Da mesma forma, a reversibilidade da doença está intimamente relacionada à manutenção do peso perdido no médio e longo prazo.

 

O mecanismo associado à melhora glicêmica obtida com a restrição calórica parece estar relacionado à redução da deposição de gordura ectópica no fígado e no pâncreas, levando à redução da resistência à ação da insulina no fígado e à reversão da disfunção das células beta-pancreáticas, mecanismos envolvidos no surgimento do diabetes tipo 2 em indivíduos geneticamente predispostos.

 

Portanto, indivíduos com diagnóstico recente de diabetes tipo 2, usualmente com duração inferior a 6 a 8 anos, apresentam elevada probabilidade de remissão da doença se submetidos a um programa de perda e manutenção do peso.

 

*Hemoglobina glicada (A1c) – corresponde à média da glicemia séria dos últimos 3 meses

 

Referências

1. How do we define cure of diabetes? Diabetes Care. 2009 Nov; 32(11):2133-5.

2. Primary care-led weight management for remission of type 2 diabetes (DiRECT): an open-label, cluster-randomised trial. Lancet 2018; 391: 541–51

3. Durability of a primary care-led weight management intervention for remission of type 2 diabetes: 2-year results of the DiRECT open-label, cluster-randomised trial. Lancet Diabetes Endocrinol. 2019 May;7(5):344-355.

 

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